sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Estava muito só, se sentindo desamparada, depois de ter batido de frente com o dragão da vida murcha e infeliz. Se dizia arrependida de alguns atos, parecia querer dizer que não deveria ter me mandado embora, estava aflita, com a pressão alta, achando que o pior estava por fim, preocupada com os filhos, flertava com a loucura, me pedia amparo apara seus filhos se por acaso ela faltasse á eles. Me abraçou com força, sussurrou que me amava, suas lágrimas pingavam em minhas costas. Meu Deus, pensei, chegou a hora do nosso amor dizer ao que veio, de verdade. Estou aqui meu amor e nada pode nos separar, conte comigo, baby!
Conversamos durante horas, até ela adormecer no meu colo, velei o seu sono e descobri também o quanto a amava, estava ali e orgulhoso de estar ali, de ela ter me convocado, de ter precisado de mim, de ter me incluido de volta à sua dor, aos seus dogmas, à sua vida. Depois de acordada, voltamos a conversar e conseguimos sorrir de tudo. Ela precisava relaxar, em todos os sentidos, precisava entender que tudo estava bem, que sua vida era abençoada, que não estava sozinha, ao contrário do que começava a pensar. Passamos a noite juntos, dormindo somente, abraçados um ao outro como há muito não fazíamos. Eu também me via, de certa forma, como ela, sem chão, sem muito sentido.

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