sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Quase uma semana de silêncio estrondoso dentro da minha cabeça; Não nos falávamos mais, mal dormíamos juntos. Era constrangedor a dor e a ausência de amor, dentro de uma casa, pessoas que não se falam, se desprezam e se estranham. Me sentia um hóspede dentro da minha própria casa. Ela fazia o seu papel, eu tentava estar à altura, mas eu era presa fácil, não teria estômago para seguir até o fim com a minha decisão de responder como ela fazia, com silêncio e desprezo, toda aquela situação. Teve uma hora que achei que estava ganhando a disputa, mas eu sabia, como sempre soube e sei, que era uma triste ilusão minha. Perderia de novo. De uma hora para outra, eu já esperava, tudo mudaria, sentimentos dessses tipo sempre me destrói e eu invariavelmente sempre sucumbo. Batata! Enquanto eu amadurecia a idéia de deixá-la de vez, sair de casa de uma vez por todas, rascunhava num papel, frases de canções que fizera parte de nossas vidas felizes de outrora, como se escrevesse para ela, deixei a folha com essas declaraçõese perto do computador, onde ela frequentemente habitava. Quando cheguei em casa à noite lá estava ela, fingindo que não lera nada, mas algo se instalou entre nós, uma esperança ainda inalcansável, mas uma esperança, de que tudo mudaria, mas mesmo assim, eu ainda estava muito magoado com tudo, então ignorei e o tiro mais uma vez saiu pela culatra. Ela sempre é muito mais forte que eu. Eu não sou assim, vingativo, calculista, ao contrário dela que é forte e cruel. Na manhã seguinte, quando ela se preparava para sair para o trabalho e eu ainda me via deitado na cama, sonolento e semi nu, de olhos semi cerrados a vi se arrumando em frente ao espelho, linda como eu a via, vaidosa e feminina; fiz menção de lhe dirigir a palavra mas recuei, calei, senti que não era a hora mas num misto de mágoa e paixão resolvi arriscar. "Estou com saudades de você!" Ela não respondeu, prossegui sem medo. "Posso te abraçar?" Ela disse que não. Abracei assim mesmo e para minha surpresa ela baixou a guarda e me correspondeu me abraçando também, me abraçou forte como se sentisse muito, ficamos assim por alguns segundos, a paz parecia que voltava. Beijei-lhe a face, Ela pela primeira vez em uma semana se despedia de mim antes de sair...
Duas horas e meia depois o interfone tocou, era o entregador de uma loja de eletrodoméstico trazendo um fogão que ela encomendara dias antes. Recebi a mercadoria, liguei para ela em seguida, dei-lhe a notícia da entrega e ela com a voz feliz agradeceu, eu com o coração mais leve pus o telefone de volta no gancho. A vida podia estar voltando a sua normalidade. Contudo, devo dizer, ainda sinto muito...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ela me mandou embora! Mas eu não fui. Engoli a seco suas ásperas palavras, ácidas mais que um limão verde. Finquei o pé, não consegui ir em frente, dei tempo ao tempo e a ela, de se entenderem melhor. As vezes tudo o que precisamos é de tempo. Mas fiquei resabiado se não buscava desculpas para permanecer ali, msmo humilhado, desprezado, preterido. Não precisava ouvir aquilo, não tinha que permanecer ali. Apenas acatar as ordens da dona de tudo e aceitar a expulsão sumária, na minha cara, de sua cara seca e nervosa e injusta. Pensei na TPM, já houve outras vezes, depois a gente se acalma. Briguei Também, Gritei também, mas emudeci diante tanta determinação. Saía daqui, saía de casa! Tudo era claro demais, menos a compreensão dos fatos do que somos, algo estava sem sincronia. Tudo não poderia acabar assim, por tão pouco, do nada, era apenas desabafo, queria acreditar.
Fazem hoje quatro ou cinco dias da tormenta, e continuo aqui, debaixo do mesmo teto, sem se falar, sem se tocar, porém começa a sugir, por força do convívio com os afazeres do lar e com as crianças, algum vertigios de paz. Falamos ainda muito pouco, parece que a mágoa dessa vez não passa fácil, não almoço mais em casa, fico pouco por aqui agora, apenas continuo... mas preciso saber até onde há consideração verdadeira entre nós. Não quero discutir relação, não quero ser subestimado nem ser um pária dentro de minha própria casa, ops, minha dela(a casa), prefiro mesmo sair. Esta idéia se amadurece dentro de minha cabeça, mas o amor ainda é maior. O problema é que não consigo separar as coisas, ou estamos completamente juntos, com todos os problemas de idéias, ideais, finanças, o que for, ou simplesmente não estamos. É preciso que haja amor, senão parece negócio. Temos contas a pagar e se você não conseguir, eu sinto muito. Isso não é honesto, ao contrartio do que os capitalistas pensam, por isso não são felizes, pior, por isso não acreditam no amor. Por isso são o que são, estáveis com suas convicções de merda e completamente perdidos com a vida e com a relação. Por isso as traições, por isso as desconfiança, por isso o desastre de um ser humano não conseguir conviver com o outro. O dinheiro é o anti cristo que ninguém percebe. Sou da ótica caótica do romantismo, ela do realismo, mas se a alma não fosse pequena....
Sua mãe, minha mulher, uma virginiana convicta, esmaga o amor sem querer saber. A vida prática, na prática e em sua visão, tem que ser seca e objetiva, direta, não consegue sorrir nem relaxar, quando esta, a vida, tem brechas por onde entra o infalso modo de viver. Apredi duas coisas sobre a minha mulher, não mexa com sua cria nem com a sua grana. A mulher pega fogo! E mesmo que não seja este o caso, ela faz questão de ter controle sobre tudo, mesmo atropelando tudo e flertando com a solidão, com a mágoa e com a injustiça. Ora bolas, quem sou eu nesta estória?! Faço de tudo que posso, contribuo como posso, e mesmo sendo uma opção minha, pessoal e intransferível, abdiquei um pouco dos meus objetivos em nome da paz conjugal, tentando ser um marido "ideal", e não me importo de morrer por eles. Mas esse tipo de comportamento, muitas vezes é mal compreendido, as pessoas confundem o amor com submissão. Eu não entendo o porque das pessoas travarem uma disputa em entrelinhas estúpidas, tentando ser mais que o outro, sendo autoritário, não se importando se o outro faz papel de otário. Essas pessoas não entendem que fazendo de seu parceiro um submisso, um fraco, tudo o que conseguem é ter ao seu lado um parceiro, frouxo, submisso e fraco. É isso por que lutam?! Ao invés de se unirem para serem fortes juntos, brigam entre si para ser mais forte que o outro. ESTÁ ERRADO! O Amor não comporta este tipo de diferença entre os que eram para serem iguais. Se o parceiro for mesmo um bocó ou se deixar levar em nome de uma paz suspeita, vai perder, não vai conseguir atingir o que pensa ser o certo, abrirá uma fenda enorme na relação, um distanciamento até natural entre ambos por estarem e se permitirem estar em degraus diferentes. Por isso, meu amor, em nome desse próprio Amor, de você, de nós, eu não posso e me recuso a compactuar com esta guerra burra, quando tudo que desejamos é ser feliz ao lado um do outro, e ainda sermos menores que o dinheireo, por xemplo, não é a melhor forma de se mostrar digno de ser amado. Por isso, meu amor, luto pelo o que não precisaria ser buscado, a sua admiração. Se eu baixar a cabeça para a sua raiva e autoritarismo, posso conservá-la por algum tempo, mas não por muito tempo. É preciso correr o risco por isso, e que haja admiração mútua mesmo entre aqueles que se julgam superiores. Não por pretensão, apenas por dignidade.