sexta-feira, 31 de outubro de 2008

29. Estou prestes a ser demitido! Guardo as horas em silêncio e por mais que saibamos o desfecho, que estamos bem e que até queremos isso, nunca ficamos tranquilos. É um vazio que entristece a existência. Sabemos de tudo, temos tudo planejado, contudo, é um corte, uma morte, uma despedida. Sou avesso à mudanças, sempre fui assim, brota de meus músculos um medo de quem vai pular do avião. Herança de meus pais, medo do futuro, sempre lutei contra isso. E me acho mais forte por isso, ter medo, saber dele e encará-lo, enfrentá-lo assim mesmo. Eu quero assim. Não vou me rebaixar e deixar que pessoas ditem o meu passo seguinte. Já me fudi demais com isso. Sempre passivo, atendendo a todos e o que ganho? Críticas dessas mesmas pessoas, que me querem bem, e que por conta desse amor, pensam que sabem o que é melhor para mim! Urgghhh.... bem feito! Não tive personalidade o suficiente para seguir com minhas próprias pernas, até que lutei bastante contra isto tudo, a vida inteira, um peixe fora dágua, mas fui vencido e mudei a direção, para agora ouvir que não sou ou não fui forte o bastante e vacilei com o meu próprio destino. Agora vêm eles de novo! Não!!!!!!! Aquela velha máxima: "Eu luto tanto para ser eu mesmo e fica todo mundo querendo que eu seja igual a todo mundo!" Estou farto! Meus fracassos me fortaleceram, seguirei por mim mesmo, doa à quem doer, custe o que custar!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

28. Tenho trabalhado bastante na literatura, tenho escrito compulsivamente, meus blogs não me deixam mentir, tenho escrito até ao volante, a letra me possui. Uma vez escrevi que gosto mais de ser letra que pessoa! É uma verdade!
O ano está no fim, mais uma vez, final de campeonato tem nos dado alguma diversão nos fins de semana, fora a feira da praça XV, todos os sábados, e essa decepcionante eleição, onde o pobre candidato "vence-dor", usou de todas artimanhas sujas para levar a prefeitura, como se fosse uma jogatina, onde ganhar é tudo que interessa! Putz! Os amigos andam ausentes demais, cuidados com meu pai também me aflige, fora essa monotonia dos dias que não cessa nunca. Tanta coisa pra fazer e tão pouco tempo! Estou na eminência de perder o emprego, tudo bem, ganho uma miséria e já tá na hora de migrar, arrumar outro jeito de ganhar o sustento que não pode mais faltar, assim vamos envelhecendo...
Tive uma idéia secreta de acumular sub-empregos como forma de me socializar mais um pouco, numa espécie de laboratório para a minha escrita. Já fui feirante, vendedor de picolé, de jornais, de poesia, músico noturno, hoje sou motorista, e agora penso em ser garçom! Que tal?! Taxista, talvez seja bom também, para observar as pessoas! Todos reclamam, mas todo mundo está no lugar certo! Por minha parte, eu vou levando, porém atento mais do que parece. Nunca estive de bobeira na vida, mesmo em shows, teatros, cinemas, ruas, conversas, bebedeiras, sempre estive alerta, observando os pormenores, para transcrevê-los depois.
Muita gente gosta do que escrevo, no entanto, me criticam, quando aparentemente não estou fazendo nada, não entende que o ócio do artista é sagrado. Querem a obra, mas não se interessam pelo cimento! É uma guerra! É uma guerra, mermão!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sabia que algo estava por acontecer, minha querida tia Nicinha se foi, perda inconsolável. Minha mulher me acordou antes das seis e me deu a notícia de bate pronto, de um pulo, já acordei chorando esta mácula inrreparável. Putz! que vazio! o dia foi todo cinzento, dentro e fora dele mesmo, fomos ao hospital reconhecer o abominável fim de uma vida que só nos deu alegria, que nos criou, que nos amou como filhos, a todos sem distinção, e a memória acionava insistente a tecla "repete" das lembranças mais doces que passamos juntos, a família inteira sentiu o baque, a dor horrível que essa hora mais triste produz e impiedosa nos obriga e maltrata. Mais tarde foi o sepultamento. Não tive coragem de vê-la, preferi conservá-la na memória com vida mas mesmo assim, mais uma vez, inevitavelmente me veio os momentos de outrora, de seus presentes assíduos e infalíveis nas datas de aniversários de todos nós, de sua calma e sorrisos mansos, de seu amor incondicional, de sua sabedoria e de seus ensinamentos sem querer ensinar a ninguém, do modo como se sentava e deitava para ver televisão, de todo o seu carinho, de sua conversa, que agora é só saudade. Jamais a esqueceremos tia Eunice, você foi para nós um anjo bom, de verdade, que sempre nos cuidou e soube amar. Que a senhora esteja bem, com a luz e com os anjos. Hoje faz 10 dias e na sua missa de sétimo dia li um poema que havia escrito no dia de sua partida. Espero que tenha gostado. Repito-o aqui para ficar gravado todo o amor que sentimos por ti. Esteja em paz!

Nem Queiroz DE LUTO!
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TIA NICINHAUma oração divina!
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Essa chuva toda não era à toa
Ainda mais com aquele sonho terrível
Que tive
Algo não ía bem
A chuva contínua a cair forte
Como lágrimas que pingam a morte
Selava a sorte de outrem
Hoje, dia 2 de outubro de 2008
Tia Eunice nos deixou...
Deixou também um monte de coisas boas
Que com sua alma calma ela nos ensinou
O seu jeito bom
O seu sorriso claro
Calmo de se ver e de se ter
Ela foi sendo a nossa primavera
Que não acabava nunca
Que agora a gente contempla, lembra e guarda
Feito um anjo da guarda que agora ela é
E que vai nos guardar para sempre
E nos guiar de certo
Agora ainda mais de perto
Como sempre fez quieta discreta divina
Nos ensinando a vida !
Num horizonte de flores e de lembranças
Uma bandeira branca
Este mesmo amor!
O nosso porto seguro
Mais este golpe duro
Que a saudade nos fincou

Tia Eunice, como já lhe disse
Obrigado pelo seu amor!
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Quando saímos da igreja tive a sensação de ouvi-la chamar meu nome!
Não a de que quê, minha tia!