domingo, 10 de agosto de 2008

8. ainda bem que gosto de músicas como o jazz, por exemplo...estou ouvindo agora um cd que consegui no sebo por uma quantia irrisória, ando por aí prestando atenção em sebos e eventos gratuitos, podemos sim ainda, ter algum acesso à cultura ou coisas de bom gosto, o problema é que tem muita gente que só avalia as coisas em relação ao luxo e muitas vezes este não é o melhor medidor nem mediador de valor do que é realmente bom, mas enfim, não era disso que pretendia falar, apenas queria dizer que de repente olhei para a sala e vi minha mulher passando suas roupas para o trabalho de amanhã, com uma touca na cabeça, de óculos e um roupão de dormir, a tábua de passar e o ferro à vapor, chiando feito chaleira e mais a música de Stan Getz e o silêncio de uma paz encantadora, me fez correr para o computador para escrever que este momento traduz bem a minha felicidade. Não dizemos "eu te amo" algum, ela não me olhou, nem sorrimos um para o outro, apenas estávamos ali, nós dois e mais ninguém, ela cuidando de seus afazeres e eu curtindo o meu som, sem charutos ou vinhos, sem meia luz ou clima que o valha, apenas ali, eu e ela tranquilos na monotonia de um domingo de chuva, sem mais ninguém por perto, co-existindo na permanência da existência de nós, sem alarde, sem cumplicidade até, mas com uma grande e imensurável descrição dos que amam sem exageros...

Nenhum comentário: