quarta-feira, 20 de agosto de 2008

14. Preciso sair daqui, correr ao infinito de antes, esta pedra dura que não racha contra o sol. Preciso pescar, viajar, desoxigenar, preciso me reencontrar, urgente e já e para sempre, respirar antigos ares. Eu bem sei o quanto existe de vida nesta outra dimensão que a gente esquece quando se deixa render por uma vida regrada demais, sofrida demais, suada à bicas, que nos consome feito carvão queimando em torrões, compromissos sem importância para a vida, que é o que de fato interessa, que nos envelhece uma semana a cada dia, Esqueçam tudo, relaxem morimbundos sem ser, dediquem um pouco de tempo a vocês mesmos. Chuta o balde, mermão!se esbaldem, meus filhos, rejuvenesçam contra essa (re)pressão dos prazeres, que não nos deixam ir à praia, que não nos deixa sorrir nem partir, que não nos em paz, coragem meu amor, coragem! Eu mesmo, o quanto preciso dessa coragem, sinto-me um covarde em progresso/retrocesso, um homem em profusão, mas ninguém sabe ou quer saber. Quer saber?! isso não depende de você e o foda-se imbutido, são os espíritos lamentando no que estamos nos transformando, tudo é perigoso, mas também divino e maravilhoso e ainda catarolo a canção que o mundo acha chata, o chato em que ele se transformou, e então, compactuarás com isto?! Logo você que era um guerreiro!
Eu preciso respirar, porque eu já estou pirando com tanta normalidade ao redor, nada muda, todos os dias são iguais e eu mais ainda. preciso ir pescar, ir ao cinema, sem pensar em nada, preciso não precisar pensar em algo, quero ver o mar, quero respirar a bruma, andar a pé pela areia, sem pensar em nada. Quem consegue não pensar em nada?! Somos todos escravos das horas. Ha, ha, ha...esravos! Escravos! Preciso quebrar as algemas que me predem ao escândalo que é ser um covarde, um covarde silencioso e hipócrita que transforma nossas dores em repouso delirante de uma felicidade constante, mas benzinho, não existe felicidade constante. Acorda!

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