7. Domingo, noite chegando, dias dos pais indo embora, frio lá fora, ruas vazias, lençois e cobertores de prontidão, daqui a pouco será segunda e tudo volta de onde parou. Vem chegando as eleições para prefeituras, antes delas já chegam os candidatos de última hora, apertos de mãos evasivos, hipocrisia de toda ordem, e o assustador é que agora são dos dois lados, eles fingem que têm boas intenções e os eleitores, principalmente os de baixa renda, fingem que acreditam, estão claramente interessados no que podem receber só por dizer que irão votar neste ou naquele candidato, que também claramente sabem como tudo funciona, então quem der mais, talvez leve o voto do infeliz como ele. E assim vamos todos progredindo para o outro dia sem perspectiva nenhuma nem esperança deveras, de certo, só o mesmo sofrimento que não cessa nunca, seja por omissão ou pura e eletrizante ignorância ou até mesmo por descaso, ninguém mais acredita nem sofre por isto e asim o mecanismo das coisas nos degluta sem sal ou açucar, tudo na mais banal e insossa banalidade. O futebol ganhou uma poderossíssima aliada que é a mídia e o povão um grande inimigo, nossas tardes de domingo se resume a isto tão somente, aos emocionantes lances do campeonato de futebol e a trama da novela das oitos, mas até aqui nada demais, pois isso já vem de longo tempo, o que mudou foi apenas o domínio total, que antes parcial, da mesmice sobre toda nossa juventude e população, mas como diz o filme, estamos todos bem! É assombroso o modo como lidamos com tudo isto, sabemos que não há nada de novo que possa melhorar a vida do país, já não acreditamos em mais nada, não temos sequer novos ídolos, que antes nos apontava alguma direção, e no entanto, permanecemos feito idiotas, lutando por si só como um cão sem dono correndo atrás do próprio rabo; esta consciência, que deveria surtir um efeito salvador, ao contrário, nos deixam dormentes, fazendo-nos crer que a única saída é cada um cuidar de si, e da pior forma, a egoísta! Veja bem, meu time ganhou o último jogo, eu ganho uma miséria, e sinto alguma espécie de alívio dentro de mim, como se nada tivesse mesmo tanta importância assim, ou bem ou mal eu tenho meu empreguinho, e se eu fosse um pouco mais ambicioso estaria eu, mais uma vez da pior forma, não notando nada a meu redor...
rebecaervas
Há 13 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário